Condenado sob acusação de ser um dos mandantes do assassinato da
missionária norte-americana Dorothy Stang, em 2005, o fazendeiro
Vitalmiro Bastos de Moura, 42, afirma que as provas contra ele foram
"forjadas".
Nessa época o senhor ouviu a acusação de que a arma foi dada por Marcelo Luz [delegado de
Chegou a conhecer Dorothy? Nunca vi, rapaz, não tive nem o prazer de conhecer.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/1187468-condenado-por-morte-de-dorothy-espera-anulacao-de-julgamento.shtml
Ele diz esperar que o STF (Supremo Tribunal Federal) anule seu
julgamento.Bida, como é conhecido, era dono de um lote de terra em
Anapu (766 km de Belém) visado por Dorothy para a criação de um
assentamento. Hoje ele cumpre pena em regime semiaberto. O caso voltou à
tona depois que seu advogado, Arnaldo Lopes, conseguiu que a Justiça do
Pará ouvisse uma nova testemunha, o policial federal Fernando Raiol,
que participou das investigações.
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O fazendeiro Bida, condenado por ser o mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang
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Raiol disse que Bida é inocente e que a arma do crime foi fornecida pelo
então delegado de Polícia Civil de Anapu, Marcelo Luz, fato novo na
história. O delegado não quis comentar. O depoimento foi anexado a um
habeas corpus no STF, que tenta anular a condenação dele. Leia trechos
da entrevista.
*
Folha - Espera que o depoimento reverta a condenação?
Bida - Estou acreditando na Justiça de Brasília, porque eu já vi
tanta coisa acontecendo nesse processo para me prejudicar que não dá pra
acreditar na Justiça daqui [do Pará]. Eu fui absolvido, aí recorreram e
me condenaram depois, sem fundamentos. A prova que tem é uma delação
premiada. Primeiro forjaram um documento contra mim. Quando perceberam
que não tinha fundamento, deram delação premiada [de Amair Feijoli, o
Tato, condenado como intermediário entre executores e mandantes].
Forjaram como? Eu me entreguei à Polícia Federal [em 2005] e até
aí não tinha acusação contra mim. Fui prestar depoimento à Justiça e os
promotores Sávio Brabo e Lauro Freitas apareceram com uma prova e
disseram: "Não adianta negar. Tem um bilhete da irmã Dorothy dizendo
que, se ela morresse, era você que tinha mandado matar".
Eu até gelei na hora. Quando o doutor Américo [Leal, advogado] olhou,
era um bilhete de 2001 forjado, porque eu só fui morar em Anapu em 2003.
Aí tiraram isso do processo e ficaram sem prova, iam ter que me soltar.
Correram pro Tato e fizeram proposta de delação premiada pra ele dizer
que eu e Regivaldo [Galvão, o Taradão] tínhamos mandado [matar Dorothy],
que cada um ia dar R$ 25 mil. [O promotor Sávio Brabo diz que não houve
o bilhete.]
Não houve essa oferta de R$ 50 mil para matar Dorothy? Ninguém
nunca falou nisso. A partir da delação eles arrumaram a prova de me
condenar, não tem outra. É diz-que-me-diz. Tato depois falou que, para
não morrer na cadeia, teve que tentar isso [delação premiada].
Nessa época o senhor ouviu a acusação de que a arma foi dada por Marcelo Luz [delegado de
Polícia Civil de Anapu]? Não. Marcelo Luz mandou Tato me chamar
para conversar com ele. Chegando lá, o delegado falou: "Todos os
fazendeiros estão me dando R$ 10 mil. Quando o pessoal da irmã Dorothy
invade, eu tiro". Eu falei para ele que já tinha ouvido falar dessas
invasões, por isso entrei na Justiça e consegui uma liminar de
reintegração de posse, aí não precisava pagar.
Essa conversa com ele foi em 2005 mesmo? Foi. Poucos dias depois
acontece a morte da irmã Dorothy. Eu cheguei em Anapu no dia 11 e fui
para a minha fazenda no dia 12, soube à tarde que ela tinha morrido. Um
dia depois o delegado já pediu a minha prisão preventiva. Por quê? Fui o
único que não deu os R$ 10 mil a ele.
Chegou a conhecer Dorothy? Nunca vi, rapaz, não tive nem o prazer de conhecer.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/1187468-condenado-por-morte-de-dorothy-espera-anulacao-de-julgamento.shtml
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