
Índio fugiu pela porta da frente da unidade hospitalar
(Foto: Assessoria da prefeitura)
(Foto: Assessoria da prefeitura)
De acordo com o Serviço de Assistência Social da unidade hospitalar, o indígena fugiu, possivelmente, pela porta da frente do Pronto-Socorro. O setor informou ao G1 que um relatório sobre a fuga de Eurico foi feito e encaminhado à diretoria clínica da unidade. Ele e mais outro indígena, Edvaldo Mores Borô, de 44 anos, estavam sendo atendidos em um dos corredores do Pronto-Socorro da capital. Ambos foram atingidos por disparos nos braços. Eurico, além do braço, sofreu um corte na perna. Já Edvaldo ainda corre o risco de ter o braço amputado. Um dreno instalado no membro tenta impedir o acúmulo de líquidos para o braço ser submetido a uma cirurgia. Ele não tem previsão de alta hospitalar.
Após o confronto na aldeia no dia 7 que terminou com um índio morto e deixou mais quatro índios e outros quatro agentes da PF feridos, Eurico e Edvaldo, em estado mais grave, foram encaminhados de helicóptero para o Hospital Regional de Alta Floresta, a 800 quilômetros de Cuiabá. Um dia depois, a dupla foi transferida para o Pronto-Socorro da capital.
De acordo com o coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Cuiabá, Benedito César Garcia Araújo, a Polícia Federal foi acionada para tentar localizar o indígena. "Acionamos a PF para tentar dar uma solução nesse sumiço. Pelo o que a gente apurou, o indígena não tem parentes e não conhece nenhuma pessoa em Cuiabá. Não sabemos onde ele está", destacou. O coordenador afirmou que Eurico quase não fala português, o que dificultaria a locomoção dele por Cuiabá.

Ednaldo Borô, de 44 anos, também está internado na unidade e pode ter braço amputado (Foto: Funai/Alta Floresta)
Benedito informou ainda ao G1 que manteve um técnico
indigenista na unidade para fazer visitas constantes aos dois índios
internados. De acordo com o técnico José Eduardo Costa, que esteve com
os indígenas, Eurico estava apreensivo. "Uma assistente social disse que
ele reclamava que estava mal instalado no corredor e se sentia
apreensivo. Ele estava com uma fratura exposta no braço", disse. Ao G1,
a Polícia Federal, via assessoria de imprensa, disse que Eurico não
estava detido na unidade e, portanto, podia circular livremente pela
unidade. A assessoria ainda ressaltou que teve conhecimento de que ele
tentou fugir no último sábado (11), mas não obteve êxito.
Investigação
A operação Eldorado foi desencadeada para coibir a extração ilegal de ouro em Mato Grosso e outros seis estados. A Justiça Federal expediu 28 mandados de prisão e outros 64 de busca e apreensão. O conflito ocorreu quando os agentes tentavam destruir uma balsa, supostamente, utilizada na extração ilegal de ouro no rio Teles Pires. Para cumprir um mandado judicial, os agentes da PF utilizaram além de armamento não-letal, armas convencionais. A Polícia Federal abriu inquérito para apurar se o índio morto no conflito foi atingido por um disparo efetuado por um dos delegados que comandou a operação.
Durante as investigações, os agentes federais apontaram a participação
de lideranças indígenas no esquema criminoso. De acordo com o
superintendente da PF, César Augusto Martinez, a operação vai entrar na
segunda fase quando os crimes de lavagem de dinheiro serão apurados.
Nessa fase, os índios serão investigados. Treze índios da aldeia
Munduruku, inclusive, vão responder na Justiça pelos crimes de desacato e
resistência. Entidades ligadas aos Movimentos Sociais repudiaram a ação
e, em uma representação encaminhada ao Ministério Público Federal (MPF)
classificaram a ação como truculenta.
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